domingo, 21 de agosto de 2011

DIGA POR QUÊ...

Estava viajando. Um navio de velas rasgadas e o coração partido. Precisava içar novos horizontes no seu caminho. Os pormenores da vida nos dão sofrimento demasiado. O mar era um deserto, sombrio e solitário que o guiava a passos cegos na imensidão do desconhecido. A areia queimava-lhe os pés como ao coração havia sido partido há um ano atrás. Pesquisando o passado, tudo foi como andar num cavalo escuro em meio a um rumo sem volta, diante do medo que sentira ao percorrer a estrada. Diga-me porque, me diga por quê. É difícil fazer acordos com você mesmo, quando você está velho o suficiente para pagar, mas jovem o suficiente para vender?
Diga-me mentiras mais tarde. Venha vir e me ver. Que mal não pode ser pago na mesma moeda? Ou cometemos erros calculados? Eu estarei por perto por um tempo. Estou solitário, mas você pode me libertar. Todos da mesma forma que você sorrir. Diga-me porque, me diga por quê? É difícil fazer acordos consigo mesmo quando não se pode seguir adiante.
O mar foi ficando distante, como todas as lembranças de outrora. Era como sepultar num baú e lançar ao oceano abissal. Que mal podemos cometer que não pode ser remediado? Às vezes, é ótimo sentir dor. É bom pra seguirmos em frente. Aprender. No ciclo da vida tudo é um grande aprendizado. Discurso piegas. Posso ver a ferida curada no peito. E o balouçar das ondas têm trazido nova esperança. Tudo vai der certo? Depende. Mas certamente vai ser menos doloroso. Não deixar isso deprimir são apenas castelos queimando. Encontre alguém que está mudando a rota do barco e você dará a volta por cima. Quando você era jovem e em seu próprio país como você se sentiu ficar sozinho? Eu estava sempre pensando de jogos que eu estava jogando. Tentando fazer o melhor do meu tempo. Mas só o amor pode quebrar seu coração.
No mais, o barco vai seguindo e os pedaços da vida são colados. O sol nasce tudo volta ao prumo normal, à vida entra nos eixos novamente e a gente enxerga a pequenez da alma e a estupidez diante de pequenas coisas. Amadurecemos, vemos que não é o fim do mundo e nos sentimos bem. A gente pensa que não pode mudar? Pode. É só seguir em frente com determinação. Os porquês? A vida responde. E ela é muito curta pra chateações e brigas. Ergueu a cabeça. Levantou vela, a favor do vento e seguiu o barco. Afinal, a vida continua...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PÁSSAROS (Neil Young)


Amada, haverá outro
Que pairará sobre você sob o sol
Amanhã olhe as coisas que nunca chegam
Hoje

Quando você me ver
Voar para longe de você
Tristeza sobre coisas que você sabe
Penas caem ao seu redor
E mostram o caminho a seguir
Está acabado, está acabado

Aninhado em suas asas, minha pequena
Esta manhã especial traz outro sol
Amanhã veja as coisas que nunca chegam
Hoje

Quando você me vê
Voar para longe de você
Tristeza sobre coisas que você sabe
Penas caem ao seu redor
E mostram o caminho a seguir
Está acabado, está acabado.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O LADO NEGRO DA LUA...

Gostava de ficar sentado na sua velha cadeira de feltro vermelha. Manchada pelo tempo, com leves rasgões laterais que indicavam o tempo. E a madeira gasta, fazendo-a bambear de lá pra cá, indicavam o uso continuo durante décadas. Lembrara-se dos momentos difíceis que vivera um tempo atrás. Como estava envolto nas sombras escuras da vida. Ficava matutando pra si mesmo, como se em lamentos cadenciados:
- “Eu estive loucos durante muitos anos, malditos anos, eu estive em cima dos limites do possível, estive trabalhando pães fora para faixas”... Eu sempre estive louco, eu sei que eu estive louco, como a maioria de nós... Muito duro explicar por que você está louco, até mesmo, se você não está louco...
Costumava repetir esse mantra: “Viva o hoje, o amanhã se foi”. Esse sou eu. Era uma época feliz. Marcara os momentos felizes, que um dia foi monótono. Desperdiçou e desperdiçava horas de maneira descontrolada. Esperava que alguém na sua terra natal viesse mostrar-lhe o caminho. Cansara de deitar-se na luz do sol todas as manhãs. Ou de ficar em casa vendo a chuva pelos vidros embaçados nas janelas, e pensar se a vida poderia ser vivida e se valeria a pena arriscar; lembrava dos conselhos da sua avô que dizia: - Você é jovem e a vida é longa e há tempo para matar hoje. E depois, um dia você descobrirá que dez anos ficaram para trás. Ninguém te disse quando correr, você perdeu o tiro de partida.
Não adiantava correr pra alcançar o sol, pois ele está indo embora no horizonte e vai girar através de você. E estava mais velho agora, com pouco fôlego e perto da morte. Cada ano vai ficando mais curto, e o tempo suga-nos até a alma. E os nossos planos não passam de nada, ou de meias páginas de linhas rabiscadas. Agüentando quietos ao melhor estilo inglês.
Restava-lhe então, se ajeitar na cadeira e vislumbrar um futuro comandado pelas máquinas e pela ganância. Respirou. Sem medo de se preocupar. Ela fora embora, mas não precisava sem preocupar era só olhar ao redor e procurar o próprio chão. Por mais que você viva e voe alto. E os sorrisos que você vai dar e as lágrimas que vai chorar e tudo que você toca e tudo que você vê. É tudo que sua vida sempre será.
Nesse instante viu seu coelho branco passar ao lado da cadeira e ao encostar e lamber-lhe a perna, afastou-se e começou a cavar, ou ao menos tentou, cavar um buraco no chão da sala. E ele pensava olhando para o bichinho: - Cave um buraco, esqueça o sol. E quando afinal o trabalho estiver feito,não se sente, é hora de cavar mais um.
E pensava: - Por mais alto que pudesse voar ou flutuar numa maré, quiçá na maior onda, ele só correria pra uma sepultura precoce. E coçava a cabeça com um ar de preocupação. Era só isso? Não haveria mais nada? Não havia um grito sequer no céu. Era só morrer? E pensava:
- E eu não estou com medo de morrer... A qualquer hora pode acontecer, eu não me importo. Por que estaria com medo de morrer? Não há razão para isso; você tem que ir algum dia. Eu nunca disse que estava com medo de morrer. Se você pode ouvir este sussurro você está morrendo...
Talvez a razão pra tanta reflexão fosse o grande mal do século XXI: o dinheiro. Um bom emprego, um salário melhor do que ganhava como bibliotecário. Dinheiro é um gás. Dinheiro pra agarrar com as mãos e fazer um estoque. Carro novo, caviar, mansões, poderia comprar um time de futebol só pra ele e competir com o Roman Abramovich. Dinheiro volte! Eu estou tão bem. Tirem as mãos do meu monte! Dinheiro é sucesso! Faz ficar na primeira classe. Dá pra andar de jatinho.

Uma canção dizia assim:

Dinheiro é um crime.
Divida-o de modo justo, mas não pegue um pedaço da minha torta.
Dinheiro, assim eles dizem.
É a raiz de todo o mal hoje em dia.
Mas se você pedir um aumento não é surpresa que eles
Não esteja dando nenhum...

Isso he dava calafrios. Mas o mundo é capitalista agora. As pessoas querem a matéria e o espírito está em segundo plano. E nós e eles? Só deus sabe que não teríamos escolhido isso. Era somente uma divergência de opinião, mas realmente. Boas maneiras não custam nada custam?E quem vai negar que essa é a razão de toda a briga? Qual a cor que você gosta? Você acredita que o mundo pode mudar? As pessoas têm solução? O que é política social pra você? Sentia-se um lunático da grama, que lembrava dos seus jogos e das margaridas, além das gargalhadas no sofá assistindo filmes de Chaplin.

No fim era como uma brincadeira mental:

-Você tranca a porta
- E joga a chave fora
- Há alguém em minha cabeça, mas não sou eu.
- E se a nuvem explodir, trovejar em seu ouvido.
- Você grita e ninguém parece ouvir
- E se a banda em que você está começar a tocar melodias diferentes
- Eu te verei no lado escuro da lua
Era assim que brincava com sua irmã. Brincadeiras tolas. E sem sentido. Chamavam jocosa e ironicamente de “Lesão Cerebral”.

E no fim veio-lhe a melhor canção que já ouviu a cerca do que ele andava pensando nos últimos dias:


Tudo que você toca
Tudo que você vê
Tudo que você prova
Tudo que você sente
Tudo que você ama
Tudo que você odeia
Tudo que você desconfia
Tudo que você salva
Tudo que você dá
Tudo que você negocia
Tudo que você compra
Mendiga, pega emprestado ou rouba
Tudo que você cria
Tudo que você destrói
Tudo que você faz
E tudo que você diz
Tudo que você come
Todos que conhece
Tudo que você vê passar rápido
Com todos que você briga
E tudo que é agora
E tudo que já passou
E tudo que virá
E tudo sob o sol está em perfeita sintonia
Mas o sol esta coberto pela lua
Não há um lado escuro na lua, na realidade
Na verdade ela é toda negra.

E arrematou sua reflexão com o seguinte comentário para seu coelho que agora cochilava aos seus pés.

- Não consigo pensar em nada para dizer, exceto, eu acho isso maravilhoso! E levantou-se para tomar um banho quente e dormir...