segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Rita

Eu lembro da Rita. Ela gostava de ficar na janela, vendo o dia passar e o sol raiar. Acordava cedinho. Antes de todos os outros da casa. Ela dizia que a gente tem que acordar antes do sol passar por cima da gente. Tinha umas teorias estranhas. Gostava de dizer que nunca ia se casar na vida, pois homem é coisa que não presta. –São todos sem vergonha! Cansava de dizer que eles são fantasiosos. Prometem, tem uma lábia cruel, fazem mil juras de amor, enchem de presentes, fantasiam, lançam mundos e fundos, ditam, cantam, berram, fazem-se de santo, mas, que na hora H são verdadeiros incompetentes. Não querem nada. São como mágicos ilusionistas, fazem um avião desaparecer na sua frente, muito embora o avião seja ilusão de ótica, coisa que não existe.

Gostava de ler poesia a Rita. Rimbaud, Camões, Vinícius de Moraes, Johann Wolfgang Von Goethe, Percy Bysshe Shelley, Fernando Pessoa, Frederico García Lorca, Mario Quintana entre tantos outros. Gostava de operas. Mozart, Beethoven, Bach, Chopin, Tchaikovsky, Richard Wagner, Vivaldi e etc. Gostava de arte essencialmente de Picasso, Pollock, Cândido Portinari, Gustave Coubert, Michelangelo, Rafael entre outros milhares. Admirava MPB. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, João Gilberto, Tom Jobim, João Donato e principalmente Chico Buarque. Seu nome, fora inspirado numa canção escrita por ele no seu primeiro LP de 1966. A Rita. E se orgulhava do seu nome. Dizia que era um nome iluminado. Musical, poético, podendo ser escrita uma ópera. Ou seja, uma conjunção de todos os seus gostos refinados.

Mas era triste a Rita. Não encontrava ninguém que compreendesse o seu refinamento, talvez por ela não ter o afã de outras moças. Ou quem sabe seus cabelos lisos e seus aparelhos nos dentes. Ou seus óculos de aro redondo. Pode ser que sejam suas notas, sempre altas. Ou sua formação em sociologia com mestrado em antropologia avançada. Ou, em ultima instancia sua capacidade lingüística. Não, acho que pode ser seu modo poliglota. Ela fala cinco idiomas (Português, Inglês, Espanhol, Francês e Alemão). A Rita é diferente das outras. Nem citei ela gostar de Jazz e seu ícone Miles Davies, nem que ela gosta de flores e sonha com um príncipe encantado. Ora, se a coisa está difícil com essas qualidades, pra ela arrumar um par. Imagine se eu lhes confidenciar que ela adora cinema francês, argentino e iraniano. Sem falar nos clássicos da sétima arte.

Realmente, uma mulher como a Rita é raro de se encontrar em qualquer esquina. Ah, esqueci de mencionar que ela bebe. E bebe socialmente. Gosta de Vinho do Porto, Champanhe Don Perrignon, Moet Chandon, Henri Abelé e etc. Comer? Só alta cozinha. Vitela, Cordeiro, Salmão, Caviar, Escargot e coisa e tal. É complicado pra Rita adaptar-se ao mundo real. Mas um dia ela consegue. Vai precisar de força de vontade pra mudar seus hábitos. Comer sarapatel, feijoada, caruru, tucupi, tacacá, vatapá e outras iguarias locais. Ouvir Silvano Salles, Pablo do Arrocha, Psirico e outras “pérolas” musicais... Isso sem falar que ópera, o pessoal confunde com operá. Bom, dito isto, não imagino a Rita sentada numa calçada, fofocando e maldizendo a vida alheia. É uma mudança muito radical pra ela. Ela estudou em colégios Maristas e Faculdades Públicas Federais. Mas quem sabe um dia a Rita não se torne uma Ritinha de Chica?


O tempo dirá...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Bom Tempo...

Um passarinho me cantou que a boa brisa lhe soprou que vem aí bom tempo. E que cada dia, uma nova alegria. Como será daqui para o ano 2000? Deixa o tempo passar, deixa a vida seguir, deixa o barco navegar. Não fala de Maria, que ela é que nem Madalena e foi pro mar. Ela é como a Rita, levou a minha carteira, maneira, estrela do meu caminho, espinho, cravado em minha garganta a Santa, a Santa ás vezes troca meu nome e some, e some nas altas da madrugada. Coitada trabalha de plantonista. Artista é louca pela Portela, oi ela aquela, vestida de verde-rosa, a Rosa aí Rosa, garantiu ser sempre minha, bandida, saiu pra comprar cigarro. Que saco! Eu trouxe umas coisas do norte, que sorte, voltou toda sorridente. Demente, inventou cada caricia. Egípcia, me encontra e me vira a cara.
Mas tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu, a gente estancou de repente ou foi mundo então que cresceu. A gente quer ter voz ativa no nosso destina mandar, mas eis que chegar a roda viva e carrega a viola pra lá. Roda mundo roda gigante, roda moinho roda pião, a vida rodou nesse instante nas voltas do meu coração. Mas meu coração está curado. Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração que está apressado, pois desanda a bater desvairado quando entra o verão.
Já passou, já passou, se você quer saber, eu já sarei já curou. Me pegou de mal jeito, mas não foi nada estancou, já passou. E, não adianta saracotear de lá pra cá, na barra, na farra, no forró forrado, na Praça Mauá, sei lá no jardim de Alá, ou no clube do samba. Faz me rir, faz-me engasgar me deixa catatônico com a perna bamba, mas já passou.
E se um dia você era a favorita das cabrochas dessa ala, hoje, você é só mais uma no meio da multidão. Olhos nos olhos quero ver o que você faz, ao sentir que sem você eu passo bem demais. E que venho até remoçando, me pego cantando, sem mais nem por que. Porque, mesmo que ela faça cinema e seja demais, no suburbano coração ela não entra mais. To igual ao Juca, eu vi Maria no samba. Olê Olê Olá ! Não chore ainda não que eu tenho um violão e o samba vem aí. Um samba tão imenso que até mesmo o tempo vai parar pra ouvir.
E amanhã vai ser outro dia. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Você vai se esconder vendo o sol renascer e espalhar poesia. Afinal, tinha cá pra mim que eu vivia enfim um grande amor, mentira. Mas, você me desconcerta, pensa que está certa, porém não se iluda. No fim do mês quando o dinheiro aperta você corre esperta e vem pedir ajudar. Você não ouviu o samba que eu lhe trouxe. Eu trouxe rosas, e eu lhe trouxe um doce, as rosas vão murchando e que era doce acabou-se. Bye Bye Brasil... Que venham os Bons tempos!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A Solidão

Quem nunca ficou só? Ou teve a sensação de estar sozinho? Olhar pela janela e ver o vazio da vida do lado de fora? As pessoas sorrindo, felizes, caminhando de mãos dadas, como o orgulho transbordando na face, e sentido bem. Mas, e quem está só? Que é rejeitado, diferente, excluído, despachado, invisível e esquecido? O que passa no coração dessas pessoas? Elas vêem o dia com o mesmo olhar de quem não está sozinho? Sabe-se lá o que é ficar sentado num banco de praça, numa cadeira, numa calcada e até mesmo no chão frio, ou quem sabe até numa cama grande e confortável, mas, ao passo que não tem ninguém pra conversar. Pra dividir os medos, sonhos e esperanças de uma vida vazia. Podem refletir sobre o que um olhar solitário vê? A sombra e a escuridão. A penumbra, a tristeza, o nó na garganta. A rejeição. O não ser aceito, ou o não aceitar-se diante da vida. Conseguem compreender o que é uma criança que chora no escuro lamentando a perda dos pais? Ou o marido que perde a esposa. Ou a mãe que perde um filho. Percebem o quanto é duro viver na solidão.
O século XXI é contraditório. É o século da globalização, da união das pessoas, da proximidade, entretanto afasta as pessoas. Somos desconfiados. Perdemos o dom da confiança nas pessoas assim como na palavra. Vale o assinado num papel. E não mais aquilo que se diz. Assim, as pessoas vão ficando frias, duras, gélidas, cruéis. E quem sofre são os solitários. Geralmente tímidos. Incompreendidos, tolos, débeis, desajeitados, incapazes, sem alta estima. Enfim, desajustados sociais, desprezados pela classe dita normal. E os ditos sós continuam como diz aquela canção “no escuro do seu quarto a meia noite a meia luz, sonhando, dando tudo por seu mundo e nada mais”. Incompreendidos, calados, isolados, deprimidos, rejeitados; Que mal fizeram para ser assim? Talvez eles gostem de coisas com substancia. Arte, leitura, cinema, música erudita e outras coisas mais cabeça. Uma ofensa para as pessoas que gostam de álcool excessivo, festas com musicas de baixa qualidade e malmente lêem revistas de fofoca e jornais sensacionalistas para se manterem informadas. Esse segundo grupo, realmente leva uma vantagem: São mais integrados socialmente. Porem, que mal há em ser anti-social? Bom, não há mal nenhum, ao passo que não existe esse termo, e sim, uma não aceitação de grupos sociais diversos, causando rejeição em certas camadas da sociedade.
A solidão nada mais é do que conseqüência da miserável condição humana, em face ao seu egoísmo habitual, assim como a divisão social natural, recorrente do século XXI. Ora, pessoas vivem sozinhas pra não serem espezinhadas pelos outros. Não serem julgadas grosso modo. Evitam contato com outras pessoas. Não é sinal de fraqueza e sim de medo. Não aceitação. Por fim, as pessoas ficam sozinhas pra dar sentido ao ditado que diz desde sempre: “Antes só do que mal acompanhado...”

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Não é uma Pena...

Parou um instante para refletir, sentado no velho sofá marrom, com uma garrafa de água mineral, além de um pão integral esmigalhado recheado com ricota fresca, e uma fruta que comeria na sobremesa. Pensava. O pensamento vagava longe, bem longe, pra mais e mais longínqua cidade que podia imaginar. Lá, visualizou uma bela mulher. E ela era gentil, educada, com um belo corpo, um sorriso tímido, porem, encantador, e uma pela morena bronzeada, com lábios finos e rosto delineado. Os olhos de ressaca, tal quais os de Capitu, e sua desfaçatez moral eram estonteantes a primeira vista. Ela estava lá, parada, observando ao longe o céu e o sol. Sua imagem paralisada, com os cabelos esvoaçantes, e olhar distante, como se querendo descobrir algo que lhe foi tirado por algum infortuito da vida. Entretanto, não era nada daquele encantamento juvenil. Era muito mais do que se pudesse supor. Era um sonho? Uma miragem? Uma alucinação? Coisa da cabeça dele? Uma invenção? Não se sabe bem o que aconteceu, ficou tudo muito escuro. Nem se saberá. Não terá a oportunidade de desvendar o que se passou na mente dela naquele dia na sua janela esperando. Da sua janela uma vaga estrela, e um pedaço de lua. E ela vai talvez sair uma vez na rua?
Saiu. E foi muito bem. Nem ligou mais pra nada. Saracoteou de lá pra cá, com seu vestido rendado, sorriso no rosto, e nenhuma preocupação. Acordou, pulou da cama sentiu um vazio no peito. Não é uma pena? Uma vergonha como partimos os corações um do outro e causamos um no outro a dor? Por que agir assim? Como pegamos o amor um do outro sem nem pensar? Esquecemos de devolver. Não é uma pena? Algumas coisas levam tempo pra curar. Como explicar? As pessoas não nos enxergam como nós mesmos, e pagamos um preço alto por ser quem somos. E nem que se implore por algo bom, não entenderam as lágrimas que correm do rosto, e nem vão se importar. Não é uma pena?
Depende de quem enxerga a vida pelo lado das coisas boas. Quem, não, vive na desesperança. É o que resta de migalhas para os fracos de espírito. Pode mais quem tem mais atitude. E perde mais, quem age precipitadamente. Pois, é uma pena como partimos o coração um do outro e despedaçamos, e ainda não conseguimos devolver o amor. E a couraça da falta de honestidade e sinceridade é vencida pela fraqueza de espírito e a falta de dignidade. Afinal, é uma pena, uma pena, uma pena...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A vida é um sonho Charlie Brown...

Que belo dia. (Puxa, que puxa!) O sol saiu. Os raios iluminam a greta da janela da sala. Vejo passarinhos pousados nos fios grossos de cobre, brilhantes e perigosos. Eles cantam melodias alegres com notas dissonantes. Seus olhos reluzem a alegria da liberdade. Por que ficam presos em gaiolas? Assim somos nós. Ficamos presos em gaiolas. Não sabemos ver as coisas sob a ótica dos passarinhos. Nunca aprenderemos a ser livres. Estamos sempre presos a compromissos, obrigações, trabalhos inadiáveis; Enfim, estamos sempre ocupados em progredir numa vida que nos leva a um abismo profundo. E a escuridão impede e oparciza a visão da luz. Não somos capazes de olhar pra dentro de si mesmo e enxergar nossas virtudes, a fim de melhorarmos enquanto seres humanos.
Pra que mudar, se as pessoas não aceitam mudanças? Não polemizar o assunto. Apenas discutir o porquê não consigamos ser como os passarinhos, salvo raras exceções? Talvez, pela insegurança humana. A força que nos empuxa, faz retroceder, voltar atrás e sentirmos-nos incapazes e ser felizes. Todos vão nos importunar. Pôr a bola num ponto e quando formos chutá-la, tirá-la-ão do lugar e a gente vai cair. Ou, quem sabe, nunca entenderemos dogmas sociais, e alguém vai ter que nos explicar através de metáforas metafóricas. E viveremos com a síndrome que acomete o Snoopy, chamada síndrome de Walter Mitty*. E assim seguiremos, vivendo de fantasias e ilusões, mais errando que acertando. No início da obra "Genealogia da Moral" de Nietszche há um trecho que diz o seguinte: (...) "Nunca nos procuramos, como nos haveríamos de nos encontrar um dia?"
Ou seja, ainda estamos longe da citada "fé no homem". Como haveremos de ter fé no homem se ele mesmo nem sabe para onde vai? Se não se respeita a si, nem ao semelhante e vive na ilusão da ganância? Falta um longo caminho a ser percorrido. Não devemos agir de forma precipitada, antes de qualquer coisa, precisamos refletir um bocado, até chegar a uma conclusão. O símbolo máximo da justiça é uma balança, que mede o peso a partir da exatidão da massa, e seu equilíbrio, não se pode ultrapassar nem faltar uma grama. Tem que estar numa constante, igualitária e exata. Assim devem ser as decisões. Ou seja, uma pergunta deve sempre permear nossa consciência: - "O que aconteceu?" "O que está acontecendo conosco?" e "Quem somos realmente?" Questionamentos simples, todavia, são como barreiras.
Quando vamos conseguir chegar ao equilíbrio e as respostas para estas perguntas? Quando passamos a não olhar pra si mesmo, e ao egoísmo humano, ou autoconfiança, e até mesmo a dita malícia. Malícia advém de mal, provavelmente, pois serve apenas para se ter vantagem em cima de pessoas benevolentes demais. Mas, que mal há em pregar o bem? Deve ser que ele atrapalha nas ambições. Bondade e humildade, já dizia Nelson Rodrigues, recomenda-se para os papas, os bispos e os cardeais. O comedor de rapadura, o matuto o cara que vem de baixo tem que ter ambição, mania de grandeza. Dito isto, talvez possamos começar a raciocinar melhor. Ou somos bons, ou tenhamos mania de grandeza. Se pra consolar as pessoas de meio termo, fora essas duas opções, ou convivamos com as síndromes de Charlie Brown ou Walter Mitty. E sigamos o caminho da decadência...

* Walter Mitty é um personagem fictício, criado pelo autor estadunidense James Thunder em seu conto "A vida secreta de Walter Mitty" inicialmente publicada na revista The New Yorker em 1939 e posteriormente em livro, em 1942. Mitty é um personagem tímido e retraído, mas com uma imaginação muito fantasiosa: em poucas páginas ele se vê como um piloto de guerra, um cirurgião numa unidade de emergência, um assassino perigoso. O personagem fez tanto sucesso que seu nome foi incluído em alguns dicionários da língua inglesa, como sinônimo de sonhador inofensivo.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

In the End (E no fim...)

Era um dia decisivo. Estava frente a frente com ela. Os olhares, outrora cintilantes, agora eram frios e distantes. Não existia mais a áurea de outros tempos. os sorrisos, as brincadeiras, as caretas, nada disso estava presente. O rancor pairava no ar, juntamente com o ressentimento. Que mal acontecera? Não havia razões tão graves para a distancia. Ou havia? Será que se gostavam de fato ou fora apenas conveniência? Até que ponto houvera sinceridade na relação? Que faz um instante de pensar, tornar-se uma duvida eterna, ou um arrependimento tardio? Não se explica o fato de não cariciarem-se há tempos, nem beijarem-se cotidianamente. Aconteceram coisas difíceis, obvio, e talvez estivesse carente, mas isso justifica um desprezo como se a pessoa fosse um nada, um zero a esquerda de uma hora para outra? Havia verdade naquilo? Reciprocidade? Eram mutuamente unidos por um sentimento em comum? Não partilhavam mais das mesmas coisas. Ou teria sido precipitação por parte dela? Ou, não teve coragem de dizer que não gostava?
São questões que ficaram esparsas, ao vento, ao léu, martelando na consciência de ambos, ou de apenas um, que sofre, por amar, ou supostamente o que seja esse sentimento tão complexo, a fim de encontrar respostas no infinito. Onde ingloriamente para alguns, e exultantemente para o outro, estarão comemorando a mediocridade de sentimento e distancia e a improbabilidade de não dar certo? Mas quem garante que uma coisa da certo ou não? Bom, pra ela, fazia sentido. Pra ele, não. Fora usado como um brinquedo, que, depois de certo tempo de uso é jogado fora, e a gente nem se lembra o quanto foi útil. Assim somos nós. Ingratos até o fundo da alma. E quiçá, humildade não tenha havido de ambas as partes para se chegar a um consenso, demonstra imaturidade de ambos diante da vida. E assim seguirão sem rumo, sem alicerce, sem companheirismo, rodeados da desconfiança e infelicidade plena, atormentando suas almas até o último dia. Estarão presos em convenções sociais, ambos querendo se ver, e escondendo-se por detrás de um orgulho tolo.
Quem somos nós pra julgarmos nossa consciência? Entretanto, assim são as pessoas. Impávidas, teimosas, rudes e cruéis. E tudo é normal, dentro dos absurdos que vemos no dia a dia. Ora, não vale ter valores. Nem vale o que se sente. Vale o pré-julgamento. Eu não presto como você não presta como todos não prestamos. Infelizmente, naquele dia cinzento, quando até o sol se recusou a sair, pra não ver duas pessoas que, supostamente se gostavam de verdade, prestasse aquele papel de frieza extrema. Pareciam estranhos. Não se falavam mais, não se viam não se cumprimentavam, nem telefonavam mais. Um sorria, outro chorava. Um sentia, o outro vivia como se nada tivesse acontecido entre eles. E supostamente estava gostando dele. Imagine se fosse de forma mais próxima. Mas assim é a vida e assim nos postamos diante dela. Como bonecos mal criados, que fazem o que quer se importar com o sentimento do outro. É fácil, viver entre pessoas que a gente acha que pode confiar. E no fim, mostram á face de maneira mais cruel e mesquinha. Saíram sem trocar uma palavra sequer. E como ilustres desconhecidos saíram, a passos lentos e o coração partido ao meio. Mas sem ceder. Nem dar uma chance para o recomeço. Afinal, o fim é o fim. E nada mais. Estejamos certos ou não. "Ces't la vie..."

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dia após dia...

Dia após dia. Cada coisa vai se pondo no lugar. Se existem feridas, elas sempre cicatrizam. Mesmo fincadas na pele, grudadas, demarcadas, profundas, plantadas e, custando a sair, paulatinamente, vão criando uma casca sobre o tecido necrosado, e como o alvorecer de um novo dia, tudo vai se transformando aos poucos. Se houve magoas ou desacertos, são coisas da vida.
O problema é como as coisas desenvolvem-se. A falta de consideração humana perante alguns fatos, é algo que estarrece. Não se é uma pedra, ou uma mesa, uma cadeira, um vidro, um metal, um jarro, uma porta, ou coisas consideradas, não vivas, sem sentimento. Somos feitos de sentimentos. Mas, algumas pessoas não enxergam, e faz as coisas ao seu bel prazer. Dentro da sua consciência. Não há limites para a miserável condição humana. A falta de caráter e dignidade é uma delas. Diz-se de caráter:
- “Caráter é o termo que designa o aspecto da personalidade responsável pela forma habitual e constante de agir peculiar a cada indivíduo; esta qualidade é inerente somente a uma pessoa, pois é o conjunto dos traços particulares, o modo de ser desta; sua índole, sua natureza e temperamento. O conjunto das qualidades, boas ou más, de um indivíduo lhe determina a conduta e a concepção moral; seu gênio, humor, temperamento, este, sendo resultado de progressiva adaptação constitucional do sujeito às condições ambientais, familiares, pedagógicas e sociais”
Ou seja, cada ação feita fora desse conjunto de características citadas é uma falta caráter. Mau caratismo. Demonstra a face cruel humana em face ao seu semelhante, não se importando se o outro vai ou não sofrer conseqüências de tais atitudes; ora, o século da desesperança prega a concorrência, a liberdade irrestrita, o conhecimento voraz e, concomitantemente a patifaria. Ou seja, não basta o caráter as pessoas do nosso tempo. Os valores morais ridicularizados hoje, outrora moldavam as pessoas. E, se por ventura alguém fosse tachado de “amoral”, ninguém tinha nada a ver com isso. Afinal, que são os desvios morais de hoje em dia? Isso remete ao segundo tema. Dignidade. É-vos dito:
- “A dignidade se baseia no reconhecimento da pessoa como ser digno de respeito. É uma necessidade emocional que todos nós temos de reconhecimento público de se ter feito bem as coisas, em relação a autoridades, amigos, círculo familiar, social, entre outros”.
Assim, alguém reconhece uma má ação? Uma injustiça? Não somos dignos de nada no século da injuria. Ora, que somos senão objetos descartáveis, e inúteis. Fúteis. Aprendemos somente a olhar pra baixo, encobertos pela capa do orgulho e da atitude auto-suficiente, sem importarmos-nos com o próximo. Não tem valia o homem hoje. Somos como porcos que se satisfaz com a lavagem que nos é dada em cochos imundos. Com os valores distorcidos, em nome de um “carpe diem” falso e ilusório. E assim, prossigamos a vida, como mendigos da contemplação da inutilidade e da falta de caráter e dignidade, em nome do orgulho e do bel prazer, reverenciado as futilidades e a falta de compaixão ao próximo, dia após dia...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Por quê?

Fazia frio. O quarto escuro parecia uma catacumba. E a penumbra sobre os pensamentos dele, escurecia ainda mais. Não entendia o porquê ela tinha feito aquilo. Depois de tantos bons momentos juntos, sonhos e esperanças, construídos com amor, ou, supostamente, o que se creia dele. Mas que amor é esse que cultivamos em nosso coração?
O amor, de fato, não existe. Pois, vos explico. Existe o desejo sexual e a miserável condição humana. Tudo bem, aproveitar a vida é algo compreensível e salutar, mas por que não aproveitar de forma mais doce e simples? Não. É inviável. Porque as pessoas não se preocupam com as outras, não zelam, não cuidam, não tratam como a uma criança, parecendo um vaso de vidro, ou uma jarra de porcelana, impossível, ou improvável de ser quebrada. Mas o coração, nesses momentos é somente um músculo.
De nada vale mais o sentir. E sim, o ter. Que males existe no amor? Amor é uma proibição no século da desesperança. Amar. Virou coisa banal, de gente imbecil, pequena, fraca, com mania de depressão. Ora, e ainda falam de amor próprio. Amor próprio nada mais é do que orgulho e egoísmo. Amar, não é pensar em si, e sim nos outros. Se a questão é valorizar-se, aí é outra história. E valor não tem muito a ver com amor. Valor é a auto-expressão do egoísmo. Nada mais. Narcisismo. Eu sou melhor do que você ao passo que você é o meu rival. E o amor, não sente inveja e nem se envaidece.
Se as pessoas autoconfiantes acham que amar é tolice, serão sempre infelizes no seu cerne. Porque elas se enganam. E se enganar é o pior sentimento. Não fazer de conta que não gosta de alguém. Isso não existe. O amor, não exige provas maiores de o quê estar junto. Lado a lado, caminhando entre as dificuldades e acreditando num bem comum. Se nós enxergamos apenas por o prisma do achismo, não vamos desenvolver um sentimento verdadeiro nunca. Pois, se assim for, ninguém é capaz de amar alguém. Afinal, todos somos travados em se tratando de amor. Amor é um tabu no século das aberturas, da globalização. Amar é coisa de otário. Isso não existe! Bom, cada um com seu ponto de vista, devidamente respeitável. Mas, não hão de compreender o seu real sentido nunca.
Do que vale uma vida repleta de favores e benesses inúteis, se no fim, nada vale sem amar. Todo dinheiro, todas as posses, todas as línguas do mundo, todas as propriedades, enfim, de que vale ter o mundo na sua mão e não ter a humildade de amar? Humildade, palavra inóspita no século da desesperança. Enquanto isso, pessoas sofrem por dentro, presas a convenções sociais e conveniências apetecendo sua alma de forma superficial.
Todavia, como o amor é dor que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente, e dor que desatina sem doer, porque acreditamos tanto num sentimento que cotidianamente machucamos das pessoas? Não há valia. Somos estúpidos e nos escondemos em mascaras rígidas de sabichões, e por dentro corroemos em nome de algo que não sentimos nem vamos sentir, pois somos incapazes. Se fosse assim, a vida seria sempre cor de rosa.
E o propósito do amor, é derrubar os males, e ver tudo pelos olhos da compreensão, da reflexão, da sabedoria e da paz de espírito. Os pormenores são desvios para um muro de ilusões e satisfações carnais em detrimento daquilo que se sente de verdade. E enquanto analisarmos as coisas pelo nosso ponto de vista, nunca poderemos dar um jeito...