terça-feira, 26 de julho de 2011

LUA ROSA...

Estava sentado na escada frontal da casa. Com um caderno nas mãos. Procurava inspiração pra escrever qualquer linha cativante naquela noite fria e solitária. Olhou pro céu e viu a lua reluzente. Límpida, impávida e bela. Estava tão brilhante que adquirira uma coloração rosada. Uma lua a caminho do seu olhar. Estava tão bonita que ninguém parecia soberbo. E ela parecia querer pegá-lo. Começou a pensar no passado. Quando era mais jovem e a verdade nunca vinha pendurada na porta do quarto. E via-a agora frente a frente. Precisava limpar o seu quarto. Se antes as colinas eram verdes, as flores cresciam e o sol brilhava, agora era um oceano escuro e profundo. Era o lugar onde queria estar. O dia teve um sol forte. E achava que não iria chegar ao fim. Sentia-se fraco e pálido. Mas era o preço a pagar por estar sem ela. As pessoas podiam dizer-lhe que o sol brilhou intensamente, mas a lua acima da sua cabeça parecia tão clara. E podia pegar a estrada que leva as estrelas onde poderia encontrar seus olhos e enxergar através dele. Imediatamente pôs-se a refletir:

- A quem você irá?
- Quem você amará?
- Quem você escolherá,
- Das estrelas acima?
- A quem você responderá?
- Para quem você ligará?
- Quem você pegará,
- Para ser seu?
- E me diga agora,
- Quem você amará mais?
- Para quem você dança?
- Quem faz você brilhar?
- Quem você escolherá agora,
- Se não me escolher?
- Quem você esperará?
- Quem pode ser?
- Quem você pegará agora,
- Se você não me pegar?
- E me diga agora,
- Quem você amará mais?

Eram inúmeras as questões que borbulhavam na sua cabeça. Não sabia o porquê nem de onde elas vinham. Qual o sentido do sofrimento? Qual a medida da dor? Ao longe ouvira acordes suaves de violão, tocados na casa ao lado e sua respiração ficou ofegante. Era preciso cuidado com aqueles que encaram a vida de forma mais direta. Estes sorrirão até ver o seu tempo esgotar-se. Ganham a terra sem se importar se é dia ou noite. Ouvirão o que se pensa em dizer? Veja ao redor da terra, as coisas por detrás do sol e poderá encontrar a felicidade. Não seja tão sábio, pois o mundo já te põe pra baixo. Tirou um tempo pra ficar bem e orou pela pessoa que agora está no chão. Não havia mais motivo para encontrar significados pra existência. Não importa o que dissesse ou o que fora já havia acontecido. Precisava deixar a timidez e aprender a voar, abrir o copo quebrado e deixar o sol brilhar. Assim viria o reconhecimento das pessoas que realmente gostavam dele. Mesmo amando-a. Sem se importar, sem vê-la e não estando mais lá. Há razões e motivos que permanecerão em segredo, pois, existem coisas inexplicáveis que se guardam no vácuo da existência e devem continuar vagando até o fim da vida humana.

Não precisava mais expor a máscara de palhaço da cidade local nem se sentir deprimido ao ver a luzes num bar da estação. Não precisava mais viajar na direção errada, navegando em direção a linha do norte. Nem olhar pro chão observando calma e tristemente o brilho dos sapatos, com as pessoas murmurando tolices ao seu redor. Não importa quem perdeu. Não era mais um parasita. Fazia do olhar para a lua agora o seu divertimento. Não se preocupava muito. Todas as imagens refletidas na parede e as pessoas que a atravessaram não iam lhe dar um passeio livre. Caira rápido e não teve um olhar de amigo pra ajudar, mas a colheita da criação havia passado. Estava pronto agora. O dia amanheceria e tornar-se ia lindo. Agora, era olhar a manhã e os caminhos infinitamente coloridos, e jogar o que foi aprendido logo cedo. Os erros o fizeram crescer e podia estar em todo lugar, pois crescera bem mais que o chão. As noites infinitas do longo e tenebroso inverno passaram e verão chegara com toda vitalidade...

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