Um bocado de gente fazendo coisas ás escondidas. Cantou Paul McCartney em Too many people de seu disco RAM de 1971. Bom, muitas pessoas fingem ser muita coisa. É ótimo ser o galã por uma semana. Ou a moça gostosa que posa nas revistas masculinas. Ou intelectual da vez. O tolo, a burra, o falso, o bonzinho, o malévolo, o tímido, o atirado, o esperto, o incauto, o culto, o medico, o estrangeiro, o rico e o pobre. Tem de tudo na televisão. E programas denominados de reality show ou, numa tradução livre o “show real”. Não sou muito fã desse tipo de programa. É sem substancia, sem conhecimento, sem direção, sem nexo e sem sentido. Pessoas ficam confortavelmente instaladas numa casa grande e confortável, concorrendo a alguns milhões de reais de premiação. E qual o real sentido disso? Jogar. Nada mais.
E expor o caráter competitivo humano. Eu sou melhor do que você e somos concorrentes. Pra vencer, não justificam os fins, e sim os meios. E, maquiavelicamente, vamos controlando o jogo, derrubando os concorrentes, e, em pleno domínio do poder, como um rei sobre os seus súditos, vão galgando o sonhado premio. E os valores e crenças, literalmente ficam do lado de fora. É um teatro de vampiros. O teatro do absurdo.
Dotados de falsidade, encenam um papel irreal, não condizente com a verdade. Não importa as qualidades, e sim os defeitos do concorrente. A mascara cai, e como se demonstrasse toda a falibilidade humana, são expostos todos os defeitos e crueldades da sua natureza: Mentira, ganância, falsidade, deslealdade, pré-conceito, fúria, indignidade, ódio, tristeza entre outros defeitos impublicaveis por falta de espaço.
Porem, por que algumas pessoas assistem a tais programas calcados na falta de valores? Pura e simplesmente porque são reflexos da sociedade em que vivemos. Quantas vezes vemos atitudes referentes aos “ídolos instantâneos criados pela grande maquina do entretenimento coletivo”, no nosso cotidiano? Milhares de vezes. E o que faz nos manter ligado é isso. É como as novelas.
Uma vez ouvi que autores de novelas eram artistas. Bom, pode ate ser, mas, novela não é arte. Novela é programa simplesmente de entretenimento. É como o cinema hoje. Não há espaço pra novelas que reflitam a vida real. Ainda há a auto-censura nos meios de comunicação. Não adianta ser hipócrita. Se a novela fosse como a vida real, não teríamos cortes de temas, assuntos e tabus. Ia ser bem diferente. Novela apenas acrescenta ainda mais no inconsciente coletivo as características ruins da natureza humana. E os temas são repetitivos, mas, há quem goste. E os “shows” reais são a mesma coisa. E com toda a promiscuidade a mostra. E tudo que ocorre na vida real. Basta comprar o Pay per View e conferir. Lá não tem edição. Numa novela, determinada cena, envolvendo um tema politicamente incorreto, fora dos valores da família, imediatamente é cortado, e nos shows não. Só na TV aberta.
Portanto, são trabalhos semelhantes, todavia, as pessoas assistem mais aos shows reais por entenderem que eles amostram o que elas vêem no dia a dia. Da forma como são suas vidas. E as novelas encobrem ou maquiam algumas coisas, dando prioridade ao lado mais romântico da trama, assim como faz o cinema. Por isso, os shows reais são mais assistidos e repetidos todos os anos. Eles são o que as pessoas de hoje são. É o espelho de toda nossa ignorância diante dos fatos, além de ser um ótimo modo de entreter e gerar lucros para as emissoras que exibem. Afinal, quantos não ligaram para votar no paredão da semana?
Nenhum comentário:
Postar um comentário