segunda-feira, 7 de março de 2011

Muitas Pessoas...

Um bocado de gente fazendo coisas ás escondidas. Cantou Paul McCartney em Too many people de seu disco RAM de 1971. Bom, muitas pessoas fingem ser muita coisa. É ótimo ser o galã por uma semana. Ou a moça gostosa que posa nas revistas masculinas. Ou intelectual da vez. O tolo, a burra, o falso, o bonzinho, o malévolo, o tímido, o atirado, o esperto, o incauto, o culto, o medico, o estrangeiro, o rico e o pobre. Tem de tudo na televisão. E programas denominados de reality show ou, numa tradução livre o “show real”. Não sou muito fã desse tipo de programa. É sem substancia, sem conhecimento, sem direção, sem nexo e sem sentido. Pessoas ficam confortavelmente instaladas numa casa grande e confortável, concorrendo a alguns milhões de reais de premiação. E qual o real sentido disso? Jogar. Nada mais.
E expor o caráter competitivo humano. Eu sou melhor do que você e somos concorrentes. Pra vencer, não justificam os fins, e sim os meios. E, maquiavelicamente, vamos controlando o jogo, derrubando os concorrentes, e, em pleno domínio do poder, como um rei sobre os seus súditos, vão galgando o sonhado premio. E os valores e crenças, literalmente ficam do lado de fora. É um teatro de vampiros. O teatro do absurdo.
Dotados de falsidade, encenam um papel irreal, não condizente com a verdade. Não importa as qualidades, e sim os defeitos do concorrente. A mascara cai, e como se demonstrasse toda a falibilidade humana, são expostos todos os defeitos e crueldades da sua natureza: Mentira, ganância, falsidade, deslealdade, pré-conceito, fúria, indignidade, ódio, tristeza entre outros defeitos impublicaveis por falta de espaço.
Porem, por que algumas pessoas assistem a tais programas calcados na falta de valores? Pura e simplesmente porque são reflexos da sociedade em que vivemos. Quantas vezes vemos atitudes referentes aos “ídolos instantâneos criados pela grande maquina do entretenimento coletivo”, no nosso cotidiano? Milhares de vezes. E o que faz nos manter ligado é isso. É como as novelas.

Uma vez ouvi que autores de novelas eram artistas. Bom, pode ate ser, mas, novela não é arte. Novela é programa simplesmente de entretenimento. É como o cinema hoje. Não há espaço pra novelas que reflitam a vida real. Ainda há a auto-censura nos meios de comunicação. Não adianta ser hipócrita. Se a novela fosse como a vida real, não teríamos cortes de temas, assuntos e tabus. Ia ser bem diferente. Novela apenas acrescenta ainda mais no inconsciente coletivo as características ruins da natureza humana. E os temas são repetitivos, mas, há quem goste. E os “shows” reais são a mesma coisa. E com toda a promiscuidade a mostra. E tudo que ocorre na vida real. Basta comprar o Pay per View e conferir. Lá não tem edição. Numa novela, determinada cena, envolvendo um tema politicamente incorreto, fora dos valores da família, imediatamente é cortado, e nos shows não. Só na TV aberta.
Portanto, são trabalhos semelhantes, todavia, as pessoas assistem mais aos shows reais por entenderem que eles amostram o que elas vêem no dia a dia. Da forma como são suas vidas. E as novelas encobrem ou maquiam algumas coisas, dando prioridade ao lado mais romântico da trama, assim como faz o cinema. Por isso, os shows reais são mais assistidos e repetidos todos os anos. Eles são o que as pessoas de hoje são. É o espelho de toda nossa ignorância diante dos fatos, além de ser um ótimo modo de entreter e gerar lucros para as emissoras que exibem. Afinal, quantos não ligaram para votar no paredão da semana?

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