terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Não é uma Pena...

Parou um instante para refletir, sentado no velho sofá marrom, com uma garrafa de água mineral, além de um pão integral esmigalhado recheado com ricota fresca, e uma fruta que comeria na sobremesa. Pensava. O pensamento vagava longe, bem longe, pra mais e mais longínqua cidade que podia imaginar. Lá, visualizou uma bela mulher. E ela era gentil, educada, com um belo corpo, um sorriso tímido, porem, encantador, e uma pela morena bronzeada, com lábios finos e rosto delineado. Os olhos de ressaca, tal quais os de Capitu, e sua desfaçatez moral eram estonteantes a primeira vista. Ela estava lá, parada, observando ao longe o céu e o sol. Sua imagem paralisada, com os cabelos esvoaçantes, e olhar distante, como se querendo descobrir algo que lhe foi tirado por algum infortuito da vida. Entretanto, não era nada daquele encantamento juvenil. Era muito mais do que se pudesse supor. Era um sonho? Uma miragem? Uma alucinação? Coisa da cabeça dele? Uma invenção? Não se sabe bem o que aconteceu, ficou tudo muito escuro. Nem se saberá. Não terá a oportunidade de desvendar o que se passou na mente dela naquele dia na sua janela esperando. Da sua janela uma vaga estrela, e um pedaço de lua. E ela vai talvez sair uma vez na rua?
Saiu. E foi muito bem. Nem ligou mais pra nada. Saracoteou de lá pra cá, com seu vestido rendado, sorriso no rosto, e nenhuma preocupação. Acordou, pulou da cama sentiu um vazio no peito. Não é uma pena? Uma vergonha como partimos os corações um do outro e causamos um no outro a dor? Por que agir assim? Como pegamos o amor um do outro sem nem pensar? Esquecemos de devolver. Não é uma pena? Algumas coisas levam tempo pra curar. Como explicar? As pessoas não nos enxergam como nós mesmos, e pagamos um preço alto por ser quem somos. E nem que se implore por algo bom, não entenderam as lágrimas que correm do rosto, e nem vão se importar. Não é uma pena?
Depende de quem enxerga a vida pelo lado das coisas boas. Quem, não, vive na desesperança. É o que resta de migalhas para os fracos de espírito. Pode mais quem tem mais atitude. E perde mais, quem age precipitadamente. Pois, é uma pena como partimos o coração um do outro e despedaçamos, e ainda não conseguimos devolver o amor. E a couraça da falta de honestidade e sinceridade é vencida pela fraqueza de espírito e a falta de dignidade. Afinal, é uma pena, uma pena, uma pena...

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