domingo, 13 de fevereiro de 2011

A vida é um sonho Charlie Brown...

Que belo dia. (Puxa, que puxa!) O sol saiu. Os raios iluminam a greta da janela da sala. Vejo passarinhos pousados nos fios grossos de cobre, brilhantes e perigosos. Eles cantam melodias alegres com notas dissonantes. Seus olhos reluzem a alegria da liberdade. Por que ficam presos em gaiolas? Assim somos nós. Ficamos presos em gaiolas. Não sabemos ver as coisas sob a ótica dos passarinhos. Nunca aprenderemos a ser livres. Estamos sempre presos a compromissos, obrigações, trabalhos inadiáveis; Enfim, estamos sempre ocupados em progredir numa vida que nos leva a um abismo profundo. E a escuridão impede e oparciza a visão da luz. Não somos capazes de olhar pra dentro de si mesmo e enxergar nossas virtudes, a fim de melhorarmos enquanto seres humanos.
Pra que mudar, se as pessoas não aceitam mudanças? Não polemizar o assunto. Apenas discutir o porquê não consigamos ser como os passarinhos, salvo raras exceções? Talvez, pela insegurança humana. A força que nos empuxa, faz retroceder, voltar atrás e sentirmos-nos incapazes e ser felizes. Todos vão nos importunar. Pôr a bola num ponto e quando formos chutá-la, tirá-la-ão do lugar e a gente vai cair. Ou, quem sabe, nunca entenderemos dogmas sociais, e alguém vai ter que nos explicar através de metáforas metafóricas. E viveremos com a síndrome que acomete o Snoopy, chamada síndrome de Walter Mitty*. E assim seguiremos, vivendo de fantasias e ilusões, mais errando que acertando. No início da obra "Genealogia da Moral" de Nietszche há um trecho que diz o seguinte: (...) "Nunca nos procuramos, como nos haveríamos de nos encontrar um dia?"
Ou seja, ainda estamos longe da citada "fé no homem". Como haveremos de ter fé no homem se ele mesmo nem sabe para onde vai? Se não se respeita a si, nem ao semelhante e vive na ilusão da ganância? Falta um longo caminho a ser percorrido. Não devemos agir de forma precipitada, antes de qualquer coisa, precisamos refletir um bocado, até chegar a uma conclusão. O símbolo máximo da justiça é uma balança, que mede o peso a partir da exatidão da massa, e seu equilíbrio, não se pode ultrapassar nem faltar uma grama. Tem que estar numa constante, igualitária e exata. Assim devem ser as decisões. Ou seja, uma pergunta deve sempre permear nossa consciência: - "O que aconteceu?" "O que está acontecendo conosco?" e "Quem somos realmente?" Questionamentos simples, todavia, são como barreiras.
Quando vamos conseguir chegar ao equilíbrio e as respostas para estas perguntas? Quando passamos a não olhar pra si mesmo, e ao egoísmo humano, ou autoconfiança, e até mesmo a dita malícia. Malícia advém de mal, provavelmente, pois serve apenas para se ter vantagem em cima de pessoas benevolentes demais. Mas, que mal há em pregar o bem? Deve ser que ele atrapalha nas ambições. Bondade e humildade, já dizia Nelson Rodrigues, recomenda-se para os papas, os bispos e os cardeais. O comedor de rapadura, o matuto o cara que vem de baixo tem que ter ambição, mania de grandeza. Dito isto, talvez possamos começar a raciocinar melhor. Ou somos bons, ou tenhamos mania de grandeza. Se pra consolar as pessoas de meio termo, fora essas duas opções, ou convivamos com as síndromes de Charlie Brown ou Walter Mitty. E sigamos o caminho da decadência...

* Walter Mitty é um personagem fictício, criado pelo autor estadunidense James Thunder em seu conto "A vida secreta de Walter Mitty" inicialmente publicada na revista The New Yorker em 1939 e posteriormente em livro, em 1942. Mitty é um personagem tímido e retraído, mas com uma imaginação muito fantasiosa: em poucas páginas ele se vê como um piloto de guerra, um cirurgião numa unidade de emergência, um assassino perigoso. O personagem fez tanto sucesso que seu nome foi incluído em alguns dicionários da língua inglesa, como sinônimo de sonhador inofensivo.

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