quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

QUANDO EU TIVER 64 ANOS...

Já pensou quando estiver velho, perdendo os cabelos daqui a muitos anos; como deve ser envelhecer? Ainda estaremos juntos e você me mandará presentes de dia dos namorados? Será que resistiremos aos maremotos da vida? As idas e vindas. As lutas, os sofrimentos, as dores? Suportaremos carregar o peso durante todos esses anos? Terei saudações nos aniversários e ganharei uma garrafa de vinho? E se eu ficar um senhor mais afoito que vai aos bailes e fica até as quinze para as três, irá trancar a porta ficando eu do lado de fora? Você precisará de mim quando eu tiver sessenta e quatro anos? Estará velha também e eu estarei com você. Moraremos numa casa ampla com muitos quartos pros nossos filhos e netos. Eu serei útil concertando um fusível ou aparando a grama.
Quando a noite chegar, você costurará um suéter para mim perto da lareira. Nas manhas de domingo sairemos juntos para um passeio a sós. Sentados no jardim como nos tempos em que éramos jovens tomando um chá e apreciando a vista dos campos. Que poderia pedir mais? Ainda precisará de mim, me dará de comer quando eu tiver sessenta e quatro anos? Sentira as rugas do tempo nas mãos e no rosto, cansados, solitários e tristes? Como eu poderei ficar infeliz olhando seus lindos olhos? No verão alugaremos uma cabana na melhor ilha que encontrarmos se não for muito caro, claro, e iremos cozinhar e pechinchar com os netos aos joelhos. Os pequenos Chuck, Vera e David.
Mandaremos um pro outro, cartões postais e telegramas, nos lugares onde estivemos e onde ainda iremos estar. Destacando cada detalhe, em cada linha, indicando precisamente o que vai dizer. Vai ser ótimo reviver antigas lembranças. Mas elas nós mantêm vivos. Que seria de nós não lembrássemos de nada que se passou, mesmo que o tempo tenha sido ínfimo. Estaremos desperdiçando nosso tempo. E na resposta responderemos um formulário, que dirá que foi minha para todo o sempre, durante todos esses anos. E sei que mesmo com todas as adversidades, estaremos unidos como unha e carne. E sei que me alimentará e precisará de mim quando eu tiver sessenta e quatro anos. Pra sempre...

Um comentário:

CAROL/IRECÊ disse...

ESTOU A ESPERA DE ALGUÉM QUE ME DIGA SIM A TODAS ESTAS INDAGAÇÕES. LINDO TEXTO CEROL/IRECÊ