sexta-feira, 30 de setembro de 2011

QUANDO CHEGARES...

Esperava ansiosamente por ela. Ligara fazia alguns minutos. Hesitou inicialmente. Tiveram um namoro sério há muitos anos antes, o que o deixava incomodado. Faz sentido amar alguém e posteriormente virar seu amante? As nuances dos relacionamentos são inexplicáveis a olho nu. O que faz deixar de estar com alguém todos os dias, cuidando, estando lado a lado, apoiando, convivendo e trazendo as angustias e medo, fazendo superar os males simplesmente pelo sentimento mor humano, em nome de algo que desvendaremos com a morte, quiçá a maior recompensa da vida, em nome de um egoísmo atroz. A idade média persiste e os conceitos do Carpe Diem também. Se você aproveita, por que se apega ás convenções sociais? É medo de ser quem é? Fazer-se de herói quando não se é mais que um mero covarde. Engraçado como tomamos posições controversas na vida. Somos o que não somos, mas o que nos idealizam. Não fazemos nada por si mesmo, a não ser quando acertamos. Os erros sempre precisam de um álibi, de um Judas, um bode expiatório. Convenhamos, o que estamos a fazer neste mundo?
Naquele momento, não queria saber de mais nada. Aguardava a chegada dela. O momento era esse. Seus olhos cor de mel, a pele cor de neve e os cabelos macios como à seda era o que desejava. Seu cheiro, sua forma, seu suor, sua saliva, seu abraço e seu sexo. Era excitante estar com ela. Deixa a porta entreaberta pra ela entrar sem bater. Não era necessário. Ele tinha livre acesso pela sua casa e seu coração. Anoitecendo, a lua estava bela, arrumou a mesa e a cama. Ligou a vitrola baixinho, com musicas suaves. Pouco tempo ouviu passos suaves. Correu ante a porta. Estava deslumbrante num Sobretudo vermelho e batom igualmente cintilante. Os cabelos brilhavam como o sol. E os olhos lascivos ardiam de desejo naquela hora. Sorriam como dois jovens apaixonados e se abraçaram e beijaram longamente, sem se perguntarem por quê. Pra que? Aqueles segundos definiam a vida. Cada movimento, cada toque, cada respiração. Não haveria mal no mundo a abalar dois corações amantes. De braços dados, eram somente os dois, como se fossem uns só, olhos fechados e lábios abertos e ardentes.
Fizeram amor a noite inteira. Os corpos expeliram todo o desejo mutuo. As bocas encontraram-se muitas outras vezes. Os olhos brilharam, a alma desvendada e o pudor foi posto de lado. As mãos trêmulas e os corações pulsantes foram um adendo naquela noite. Os lençóis espalhados no chão. As taças de vinho jogadas sobre a cômoda e as roupas jogadas denotavam o quão selvagem e sincero era aquele sentimento. Efêmero e intenso. Fugaz, passageiro, porém eterno. Encontrar-se-iam novamente? Quem sabe? O destino é uma conjunção de fatores a casos aos quais não poderemos entender. A força vã que nos leva a algo que não queremos fazer, mas que deve ser feito. Ou alguém acha que o destino é traçado como num romance? Era cedinho. Não ouvira mais vozes naquele quarto. Ao nascer do sol ela partiu. Sem dar adeus, de mansinho. Voltara pra casa. E ele, em frente ao chuveiro, pensava: - Ela se foi, espero que esqueça o que houve entre nós. Agora, esperaria pra saber se o destino os daria outra chance...

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