sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

MEMÓRIAS DE UM FRACASSO

Sabe quando a gente tem vontade de fazer alguma coisa, ou está de olho em alguma coisa e quer muito? É uma sensação de leveza, bem querer, parece que uma aureola sobe a nossa cabeça e nos sentimos como anjos voando em um céu azul e límpido. Porem, de repente, quando a gente se sente frágil, incapaz de alcançar, é como se um pedregulho gigante caísse sob os nossos ombros.
E a gente fica lá, parado, sem poder fazer nada. Inseguro, com medo de uma resposta negativa, um gesto descortês, ou até mesmo uma falha em alguma atitude: Uma palavra imprópria, numa hora igualmente imprópria, um passo em falso, numa armadilha do destino; Um buraco para nos sentirmos como avestruzes e pormos as nossas cabeças e de lá não querermos sair nunca mais. Numa sensação doída de fracasso, de fim de linha, do não cumprimento do dever e objetivo. Como o nosso time sofrer aquele gol aos 47 do segundo tempo, e nós, lá, em frente à Tv, impotentes, vendo a vitória escapar por entre os nossos dedos, quando estávamos tão próximos da conquista...
Uma situação terrível que nos leva a pensar o quanto nós somos pequenos diante das nossas fraquezas e incertezas. Por que não tentamos ser mais objetivos? Podemos enxergar a vida como uma série de oportunidades, divinas ou não, pra quem acredita, e encará-la como um grande desafio; como uma superação dos nossos citados medos, fraquezas e incertezas perante aquilo que se deseja. Tenhamos o frio nas mãos, o pulsar acelerado do coração, a vista enevoada, apenas como manifestações cerebrais, coisas enfraqueçedoras ainda mais, da nossa já fadada falibilidade humana.
Ou então continuemos com essa noção romântica de ser tão somente a manifestação de sentimentos, como uma correlação com o coração. Ora, sem querer ser estraga prazeres, o coração é um músculo; apenas isso; nada mais. Se ele bate mais forte por algo ou alguma coisa, é sinal apenas de fraqueza, e não de amor profundo ou paixão desenfreada. E realmente uma sensação estranha, mas que serve tão somente como subterfúgio para a fraqueza humana. Não que não devamos ser passionais, não é isso, mas perdemos grandes chances na vida por causa dessa “fraqueza humana”. Sempre interpretada como manifestação de sentimento.
Enquanto isso, outros que não palpitam, não suam, nem perdem tempo escrevendo bilhetinhos, mandando flores, no caso de alguém, ou vendo a vida com muito amor, no caso de algo, é quem estão na verdade levando vantagem. Sobrando para a minoria, que tem amor no viver, ser taxado de fracassado. Talvez por enxergar apenas o seu quinhão bom. E descartar toda a frieza do ser humano paranóico do século XXI. (E certamente dos próximos séculos)
Essa frieza é quem leva vantagem; o raciocínio lógico, a preparação, os detalhes, o conhecimento, a disputa, o capitalismo, a dureza, o confronto, o olho no olho, a selvageria, a briga... Muitas razões. Enquanto isso, o coração, as poesias, o amor, a compaixão, a boa vontade, a caridade, a benevolência, são relegadas a um segundo plano. E a gente se pergunta sempre: - Esse mundo ainda tem jeito?
Bem, eu, particularmente acho que tem. Basta à gente passar a ver as pessoas como seres humanos que sentem dor, medo, alegrias, tristezas, e não simplesmente como pessoas. Senão, toda vez que este ser humano sentir-se pressionado, e querer muito alguma coisa, ou algo, até quem sabe alguém, não terá a confiança necessária de conseguir. A não ser que ele pense que o coração é só um músculo...

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