sábado, 1 de janeiro de 2011

Um Dia Chuvoso

Um dia chuvoso. Gostava de ficar olhando os pingos da chuva embaçados no vidro. Podia ver as arvores com o orvalho do lado de fora. O gotejo da água descendo como lágrimas sofridas. Não era um bom dia para recordações dum passado inglório. Nada de lamentar-se. Tinha que seguir em frente. Toda a dor não deve ser remoída, e sim, chutada pra longe. Sem mágoas nem más recordações. Todas as coisas devem passar e ir embora. Tudo de bom que se vive deve estar como um dia disse Chico Buarque, numa espécie de Bazar os sonhos extraviados vão parar. E assim devemos seguir. Pois, se a vida é um grande sonho, embarquemos nela, com toda força e vitalidade. Dotados de esperança e capacidade de mudar as coisas. Nada de pessimismos ou ceticismo, apenas doses de realidade.
Uma realidade menos morta, sem a mentira e sem a força bruta. Afasta o cálice de vinho tinto de sangue, e enche de fantasia, ao som do samba e sua melodia. O bafo da onça acabou de chegar! Ah! E quem tem mais samba no encontro que na espera. Tem mais samba o perdão que a despedida. Vem que passa o teu sofrer. Olé Olá! Vem ver a banda passar. Pense no que dizia Jorge Maravilha, prenhe de razão: - Mais vale uma filha na mão do que dois pais voando. Não fica cabisbaixo. Um passarinho me contou que vem aí bom tempo. E não durará uma semana, senão, pergunta a Joana, que não me deixa mentir. Mas amanhã é domingo e eu naturalmente me vingo e vou me espalhar por aí.
Não quero ser um velho que resmunga: - Então me diz o que é que eu digo ao mundo o que é que tem de novo pra contar? Não! Definitivamente, não! Diz pros da pesada que eu to voltando; vê como que anda aquela gente à toa e se puder me manda uma notícia boa. Mas esconde que eu chorei. Se bem que o choro é qualidade dos que tem talento demais. Tem dó da menina não deixa chorar. Olé Olá! Não jogue bosta nem pedra no ano que passou. Pare pra refletir no que fez o no quer fazer. Um dia da caça outro do caçador.
Depois de muito pensar, levantou-se da cadeira a qual estava confortavelmente sentado, afastou com as mãos o mormaço da janela causado pela chuva e viu o sol voltar aos poucos. Lá vem o sol. E ele derrete a neve das folhas, fazendo-as reaparecer todo o vigor e beleza depois de um dia ruim; ou de um ano ruim. Quem sabe? E assim devemos ser. Derreter o gelo da nossa existência e brilhar como o sol. Afinal, amanhã há de ser um novo dia. E a gente deve sempre pensar assim em todos os anos que findam: - Vida minha vida olha o que é que eu fiz? Deixei a fatia mais doce da vida na mesa dos homens de olhos sombrios... E depois, o que faremos na longa e sinuosa estrada? Deixa estar? Ou talvez uma Revolução? Bom, vou encerrar o texto com mais uma citação: “E quem for cego veja de repente todo o azul da vida/Quem estiver doente saia na corrida/Quem tiver presente seja mais ditoso/Quem tiver sorriso fique lá na frente/Pois vendo valente e tão real seu povo/ O rei fica contente porque é ano novo”. Feliz 2011. Pensem!

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